Conheça o conceito de economia criativa e o porquê ela está bombando em 2021
“A melhor maneira de criar valor no século 21 é conectar a criatividade à tecnologia”. A frase de Steve Jobs ilustra um conceito que, na época em que foi dita, ainda estava sendo lapidado. Estamos falando de uma atividade que está dominando o mercado mundial atual: a economia criativa. Esta concepção define os negócios que são movidos pela criatividade, pela cultura e pelo capital intelectual. Ou seja, toda atividade econômica relacionada à criação, produção e distribuição de bens e serviços criativos faz parte da economia criativa.
O conceito de economia criativa surgiu em meados dos anos 1990, mas só foi ganhar força muitos anos depois. Hoje, é quase impossível falar de empreendedorismo sem citá-lo. Ele é responsável por inúmeros serviços que causaram disrupturas de mercado, ao facilitar o dia a dia e resolver problemas comuns a milhões de pessoas no mundo inteiro. Consegue pensar em alguns exemplos? Se você pensou em empresas como Uber, Netflix e iFood, já entendeu o que significa economia criativa.
Mas o que a tecnologia tem a ver com tudo isso? A questão é que os negócios criativos têm como mola propulsora a transformação digital. Apesar da ideia de economia criativa ter sido concebida há mais de duas décadas, ela precisava da revolução digital, que aconteceu nos últimos anos, para alcançar todo o seu potencial e dominar o mercado. E embora tenha sido difundida por grandes players do mercado, a economia criativa também está muito presente nos pequenos negócios: as novas mídias funcionam como meio de divulgação, expansão e crescimento de pequenos produtores, prestadores de serviços e artistas.
A tecnologia não só serve de combustível para este setor econômico, como o influencia e o transforma diariamente. As ferramentas emergentes estão revolucionando o mercado em uma velocidade nunca vista antes. Confira agora 3 fatos importantes sobre inovação, ciência e criatividade que prometem bombar em 2021.
1. A inteligência artificial está mudando o valor dos conteúdos criativos
No artigo da semana passada, falamos sobre o conceito de inteligência artificial e como podemos observar sua aplicação na rotina da grande maioria das pessoas. Em outro momento, também discutimos a estratégia da Netflix que foi uma das grandes responsáveis pelo sucesso de suas produções originais, como Orange is The New Black.
O que esses assuntos têm em comum? A utilização da inteligência artificial para criar algoritmos que estão mudando a forma como consumimos conteúdos criativos. Funciona assim: quando uma máquina recebe uma grande quantidade de dados, ela reconhece padrões e pode prever ações que não aconteceram ainda. Em suma, as empresas vêm aproveitando os avanços no machine learning para entender comportamentos e preferências de suas audiências e, assim, produzir conteúdos cada vez mais acertados para seus públicos.
Para ficar ainda mais claro, veja o exemplo do Spotify. Já reparou que o serviço de streaming costuma sugerir músicas muito parecidas com as que você já escuta? Isso ocorre por causa da inteligência artificial, que coleta esses dados, analisa suas preferências e faz sugestões com a maior probabilidade de te agradar. Apesar da prática não ser exatamente novidade entre empresas grandes, os avanços no machine learning e deep learning indicam que a estratégia está cada vez mais refinada e permanecerá em alta em 2021.
2. A tecnologia de imersão está transformando as experiências e a indústria criativa
Em 2016, o jogo para smartphone Pokémon Go fez sucesso entre jovens do mundo inteiro, ao trazer para a realidade aumentada os personagens cativantes da animação lançada há mais de duas décadas. Por meio do aplicativo, o usuário pode interagir com os Pokémons através de um mapa baseado na geolocalização. Trata-se de literalmente uma brincadeira com o limite entre o físico e o virtual. O jogo tornou-se um fenômeno global e alcançou a marca de 750 milhões de downloads, sendo um dos aplicativos móveis mais utilizados do ano em que chegou às plataformas.
Citamos Pokémon Go para exemplificar o potencial que as tecnologias de imersão - realidade virtual e realidade aumentada - possuem de promover experiências inovadoras, despertando novos sentimentos e habilidades por meio de conteúdos criativos. Isso significa que a combinação certa entre tecnologia e storytelling pode tornar os conteúdos mais eficientes e engajadores.
Atualmente, a principal barreira que impede a popularização destas tecnologias é o alto preço de mercado de aparelhos como os óculos de realidade virtual. No entanto, é só uma questão de tempo para que se tornem mais acessíveis, para atender às necessidades dos consumidores. Quem sabe a realidade aumentada substitua o smartphone como a tecnologia mais utilizada no mundo?
3. A economia criativa e as plataformas criativas estão convergindo
Tão importante quanto o conteúdo que consumimos é a plataforma onde este conteúdo está hospedado. Na verdade, muitas vezes, a plataforma dita as regras da criatividade, da usabilidade e dos formatos que são tendência entre os usuários.
Você sabia que em 2018, o Facebook e o Google detinham mais de 70% do tráfego online? Nos últimos anos, o Instagram também se tornou uma das redes sociais com maior número de usuários no mundo. E tanto o Facebook quanto o Instagram são mídias que se baseiam, na essência, em conteúdo criativo produzido pelos usuários. O que queremos dizer é que, cada vez mais, nós produzimos conteúdos de acordo com os recursos e possibilidades que as plataformas nos oferecem e que fazemos isso quase sem perceber.
Isso fica claro quando observamos a disruptura que mídias sociais como o Snapchat e o TikTok causaram nos aplicativos móveis. Ambas são plataformas que trouxeram um formato de conteúdo prático e rápido, que permite que os usuários produzam e consumam fotos e vídeos em uma velocidade impressionante. A ideia é tão boa que o Instagram integrou recursos muito parecidos à própria plataforma (os stories, para concorrer com o Snapchat e o Reels, para concorrer com o TikTok).
Além disso, a pandemia e o distanciamento social serviram de trampolim para que o TikTok ultrapassasse a média mensal de downloads do Facebook em 2020. Hoje, o aplicativo funciona não só como fonte de vídeos divertidos, mas também como propulsor para negócios baseados na economia criativa!
Economia criativa e a geração de valor
A criatividade tem se destacado como o diferencial que todas as empresas querem ter, mas que não é fácil de encontrar. Isso porque a inovação é um dos critérios que geram valor para um produto ou serviço e, consequentemente, atraem novos públicos e clientes. É aquilo que faz empresas e profissionais saírem do óbvio para dar a largada com vantagem na corrida do empreendedorismo. Isso se evidencia ainda mais quando falamos de pequenas empresas!
Para se ter uma ideia, o PIB criativo integrava, em 2017, aproximadamente 2,6% de todo o PIB nacional. Pode não parecer muito, mas isso corresponde a mais de 171 bilhões de reais. É muito dinheiro, não é? E a tendência é que, nos próximos anos, o Brasil invista cada vez mais na criatividade como moeda de troca.
Se você tem vontade de se aprofundar mais no assunto, a Brintell indica as seguintes leituras:
1. A Arte de Empreender na Economia Criativa. De Leila Rabello e vários autores
2. Economia Criativa: Como Ganhar Dinheiro com Ideias Criativas. De John Howkins.
3. Economia Criativa no Brasil. De Adriano Pereira de Castro Pacheco